abril 07, 2006

AVÓS



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Não há grandes personagens na vida; é a gente comum que transporta consigo o material de que são feitas as grandes histórias.

A minha avó materna era tão comum que, passados dez anos sobre a sua morte, poucos dela se lembram. Restam, para além das memórias familiares dos que lhe sobreviveram, breves minutos num filme resgatado ao esquecimento pela ressurreição dos DVDs, alguns cartazes num empoeirado canto do Museu do Teatro. E fotografias, esparsas fotografias escapadas à tarde de cristal em que sucumbiu o recheio da casa que sobrou das partilhas.

Não sei se a vida da minha avó dava um filme (talvez um filme indiano, diria o perfeito animal) mas sei que as inúmeras voltas que insistiu em marcar na sua existência, dão para muitas horas de deslumbrado ouvir.

E, para mais não servisse, serviria para me fazer aprender que, por mais justas e certas que achemos as nossas decisões, correremos sempre o risco de as ver criticadas por quem por elas foi afectado.

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