dezembro 29, 2004

DEMAGOGIA

A receita de um dia de entradas nos museus do Vaticano.
Os direitos de autor de um ano de vendas das imagens da Capela Sistina.
O valor atingido em leilão pela venda de uma das centenas de absolutas obras-primas existentes nas reservas do Vaticano.
Os juros que os saldos bancários do IOR rendem num mês.

Eis a minha modesta contribuição de leigo para auxílio às vítimas. Respondendo do fundo do coração ao apelo de Sua Santidade João Paulo II.


CONTRIBUIDES VOCESES

E Sua Santidade apelou às dioceses de todo o mundo para que organizem campanhas de peditórios dos fieis em apoio às vitímas do maremoto.
Perante a penúria vivida no Vaticano é natural que o ónus de libertação dos seus bens terrenos recaia sobre os fieis.

DESASTRES

Face às imagens respeitantes à calamidade asiática que passam quase em sessão contínua nos canais televisivos de todo o mundo, não deixo de recordar a cena do ano passado de comédia que se poderia ter tornado muito trágica dos magotes de imbecis que, perante o aviso de aproximação à costa algarvia de uma vaga gigante não quiseram deixar de marcar presença junto à praia para a galgar em primeira mão.
Será que hoje agiriam de modo diferente?

REGRESSO

Regressei a um país a quem a esperança natalícia não parece ter tocado. A mesma descrença, a mesma apagada e vil tristeza.
O primeiro-ministro gestionário surfa na onda polémica do desastre asiático e limpa-se do marasmo organizacional diplomático garantindo um puxão de orelhas a quem tirar a fava da culpabilidade.
De Belém, como de costume, um silêncio total.
Em amigos e conhecidos, empresários ou gestores, a mesma orelha murcha de descrença face aos méritos do futuro.
Recebo cartas a parabenizar-me pelo aumento de crédito disponibilizado.

Isto é uma alegria.


dezembro 18, 2004

GONE FOR SOME DAYS


Cette planète s'en va pour quelques jours (if you pardon my french...)

CALIFORNIA DREAMIN'


Lisboa, hoje

dezembro 16, 2004

ELEIÇÕES

Postos perante a incompetência política e a ausência de projectos visionários, técnica e economicamente exequíveis, creio que a cada vez mais portugueses será cada vez mais apelativo este slogan:


SCUTS

Bendita incoerência a que a demagogia obriga!
Este governo extinto, actor - com toda a razão - do combate à prática cofidis da era Guterres corporizado nas SCUTS, resolveu, por manifesta incapacidade de ir mais além na criatividade contabilística dos últimos anos, tapar o Sol do déficit orçamental com a peneira da venda de alguns (muitos) edifícios públicos.

Já hoje de manhã, na mesma semana em que a medida é anunciada, ouvi a notícia de que a mesma tinha sido abandonada. Provavelmente por razões processuais ou constitucionais, nem tive pachorra para percerber porquê. Como quase sempre, por technicalities. Nunca pelas razões certas. Parece-me óbvio que, antes dessas, a medida deveria ser abandonada pelos pesados encargos que criaria no futuro (o que está em contradição com o que foi dito até agora pela maioria em relação ao governo PS anterior) e pela possibilidade de, a prazo, o contrato de arrendamento ser rescindido (por falta de pagamento, por exemplo), ficando o património à mercê de projectos imobiliários que não visariam a sua manutenção. Por exemplo: há alguma dúvida acerca da apetência da moradia do Instituto Camões para a sua substituição pelo último mamarracho verde que falta na bordadura da praça do Marquês?

dezembro 14, 2004

NEAR DUSK


PROCISSÃO


Alguém me explica porque é que, às 8 da noite de um Domingo, todo o percurso entre a avenida da Liberdade e o Terreiro do Paço era um gigantesco engarrafamento?
Haverá ainda mais bimbos deslumbrados em excursão nocturna a passo de caracol às iluminações natalícias do que eu pensava?
Lá se vão as notícias da crise...

dezembro 13, 2004

IBERIA!

Eu não acho nada que seria óptimo se Portugal passasse a ser mais uma comunidade autónoma de Espanha.
O que seria óptimo era Portugal passar a ser - oficialmente - uma colónia de Espanha.

VIVA O DANTAS, VIVA PIM!

Caminhamos alegremente para o fim da III República. Alegres, porque irresponsáveis, os intervenientes políticos, divertem-se com jogos de retórica palacianos, jogos florais de publicação ansiada na comunicação social, brilhantismos e bravatas inconsequentes e já gastas.
O autismo da classe impressiona.
A inconsciência com que se repetem erros do passado (e a história não se repete - continua) impressiona.
A I República afogou-se num mar de anarquia e violência auto-gerado. À crise económica intratável (Salazar viria qual inocente e desinteressado anjo da guarda explicar como se deveria fazer) juntou-se o completo descrédito do regime causa directa do abismo criado entre a realidade dos cidadãos e o mundo parlapatório dos dirigentes.
A I República caiu ridiculamente com o tédio de um general exilado em Braga.
Como cairá a III?

dezembro 12, 2004

ACTUALIDADES

estou tão profundamente irritado com todos os acontecimentos das duas últimas semanas, com todos os actores políticos, com toda a facilidade com que se discutem trivialidades e se esquece o essencial, com que se discute o modo e se esquece a substância, com que se esquece que estamos a tratar do futuro de um país e que isso implica afectar - bem ou mal - a vida de 10 milhões de pessoas, que só consigo chamar PALHAÇOS a todos.

dezembro 11, 2004

LISBOA DE HOJE E DE AMANHÃ (V)

De volta ao baú deste filme. A avenida João XXI no cruzamento com a avenida de Roma:


na altura da sua construção e no presente.
Gosto desta espécie de arqueologia da arquitectura contemporânea.

DE NOVO


Finalmente, a possibilidade de fotografar digitalmente (ente, ente... hum... é fraquito, é fraquito...)

SHORTAGE

Assim como estou absolutamente impreparado para viver sem electricidade, esta semana fez-me compreender a absoluta dependência que tenho da net. Bastou uma virose esquisita, lenta, gradual, a enfaralhar os caminhos de electrões nas profundezas do meu PC, para me cortar das ligações a este cibernético mundo. E o estado de irrequietude com que me surpreendi uns dias depois é disso prova evidente.

dezembro 03, 2004

EU FIZ PISCA PARA PARAR, PORRA!

Os portugueses são definitivamente mais talhados para as grandes acções do que para os pequenos gestos do dia-a-dia.
Veja-se o exemplo das nossas forças de segurança pública: com um batalhão estacionado no efervescente iraque tudo tem corrido sem crises. Pelo contrário, dois experientes batedores que prestavam escolta hoje ao Presidente de Cabo Verde, não evitam um choque aparatoso entre si. Organizem-se, pá!

ORDEM DOS ADVOGADOS

Eu não sou advogado, mas se fosse, o meu voto iria sem hesitações para António Marinho.
Dá-lhes Tó!

E EU É QUE NÃO TENHO SENTIDO DE ESTADO???

Pedro Santana Lopes. tão mal tratado pelo país político e real nos últimos meses, deve ter-se sentido reconfortado nos últimos três dias com a postura do Presidente da República. É que - também no seu caso - não há memória, desde a 1ª república de tanta asneira junta, tão concentrada no tempo e na mesma pessoa.

PANIS CIRCUS

- É pá João Bosco (*) desculpa lá, pá, esqueci-me de te avisar que te ia dissolver a casa...
- Oh senhor Presidente, um esquecimento toda a gente tem, não se fala mais disso!...

(*) - João Bosco Mota Amaral é o Presidente da Assembleia da República e a segunda figura na hierarquia do Estado. Não foi notificado previamente pelo Presidente da sua pública intenção de dissolver a Assembleia da República num futuro próximo.

Ó JORGE, EXPLICA LÁ DEVAGARINHO E POR POUCAS PALAVRAS

O Primeiro-ministro anuncia que foi despedido e que o senhor Presidente lhe anunciou que ia dissolver a Assembleia da República.
Não é desmentido.
Três dias depois, o senhor Presidente da República diz que não declara nada porque ainda não dissolveu a Assembleia da República nem demitiu o Governo.

É UMA CABALA, CARAGO!!!

Curiosíssimas reacções dos adeptos do FCPorto quando postos perante a situação de Pinto da Costa:
- "Bão mas é prender os gaijos de Lisboa que non pagam impuostos!!!"
- "O Benfica é que paga com acções que non existem e é o Porto que beíem chatiar!!!"
- "Quando o Puorto estaba em seixto ninguém dizia nada, aguora que bamos em primeiros é que aconteice isto!"
- "Caso? Mas que caso? Bão mas é atrás de quem num paga impuostos!!!"

Inevitável. Citando o Prof. Cavaco, é mais um exemplo da moeda má Jardim a influenciar as moedas boas do Porto...

DUAS NOTÍCIAS DE HOJE

Dos noticiários
"A Polícia Judiciária procura Pinto da Costa (...)"

Press-release empresarial
"Será lançada brevemente uma edição adaptada à realidade portuguesa do famoso livro onde está o Wally (...)"




[Actualização (19:00): Pinto da Costa já se encontra no tribunal de Gondomar na condição de detido para prestar declarações no âmbito do caso "Apito dourado". Chegou com 4 horas de atraso em relação à hora anunciada]

dezembro 02, 2004

ZZZZZZZZZZZ

Segundo dados de UE, em 1995 o nosso nível de riqueza era de 73 (base 100 da média da Europa a 25).
Em 2003 o nosso nível de riqueza era de... 73.
Deve ser esta a estabilidade que todos ansiosamente almejam.
Terça-Feira
O Presidente da República recebe o Primeiro-ministro e não aceita o nome do novo ministro dos desportos. "Fontes" da Presidência revelam aos jornalistas que o Presidente irá demitir o Governo o que leva a que as televisões revelem a "cacha" antes do final da audiência. O Primeiro-ministro, numa declaração ao jornalistas à saída da audiência com o Presidente da República, anuncia o seu despedimento.
Quarta-Feira
Feriado. Os canais televisivos desdobram-se em mesas-redondas, análises políticas e comentários ao despedimento do dia anterior. O Presidente da República diz que não fala à porta de casa mas que, no dia seguinte, fará uma curta declaração. Durão Barroso, primeiro-ministro de Portugal até há 4 meses, actual presidente da Comissão Europeia, responsável pela indicação do seu sucessor, diz que não comenta "política interna de um Estado-membro". António Guterres, penúltimo primeiro-ministro, comenta "o pântano" que se mantém e acrescenta que foi a necessidade de clarificação do mesmo que o levou a demitir-se há três anos atrás.
Quinta-feira
O Presidente da República declara que nada tem a declarar porque ainda não tomou nenhuma medida: o Parlamento não está demitido, o Governo ainda está em funções. Todos têm legitimidade para continuar a fazer o que estavam a fazer e quando tomar alguma medida fará uma comunicação ao país. Todos os partidos começam a apresentar as estratégias a seguir para a campanha eleitoral próxima.
Recomeça o julgamento do "Caso Casa Pia". O circo mediático televisivo reinicia-se, com dezenas de reporteres à volta do tribunal e inúmeras ligações televisivas "em directo".
É. Às vezes este país não passa de um grande circo.
Está cheio de malabaristas. E de palhaços.

dezembro 01, 2004

HÁ COINCIDÊNCIAS

José Abrupto Pereira deseja o mesmo que eu postei anteontem: Cavaco volta, transforma-te na moeda boa que já foste. Aprecio o esforço (e penso que é uma das raras soluções que evitariam a hecatombe que se avizinha para o PSD e para o país - não nos deixemos enganar pelo ar melífluo de Sócrates, os lobbies correm poderosos também no PS e o que em PSL é visível nele está muito bem maquilhado) mas não estou a ver que seja possível. Vejamos, Cavaco não funciona sózinho, precisa de ministros bons - e, nas condições actuais, onde estão eles? Não acredito que aceitasse fazer um governo com segundas figuras ou com figuras recauchutadas de há 20 anos - veja-se o caso Barreto.
Portanto, a ideia era boa mas, caro PP, messiânica mesmo. Dupont Sócrates sucederá a Dupond Lopes.